26 de jan. de 2013

Alguns infinitos são maiores que outros

Hoje decidi escrever sobre um livro que li essa semana, enquanto ele ainda está completamente vivo na minha cabeça. Já faz um tempo que eu buscava A Culpa é das Estrelas, e finalmente consegui ler. A obra, que já teve seus direitos vendidos, uma hora ou outra vai aparecer nos cinemas;  Ainda sem elenco definido, tudo que se sabe até então é que os roteiristas serão os mesmo de "500 dias com ela".
Fonte: http://ow.ly/h9P2K
Hazel Grace é uma garota de 16 que convive com um câncer, basicamente graças a Felipe, seu falaxinfor, um tubo de oxigênio que ajuda na sua respiração vinte e quatro horas por dia. Aos 13, logo após cerca de três meses após sua primeira menstruação Hazel recebeu um diagnóstico não tão agradável: um Câncer. Após anos de tratamento, se sujeitando a remédios e tratamentos experimentais, o câncer de Hazel só deixou de ser um "empecilho" em sua vida quando ela percebeu que lutar para prolongar sua vida estava apenas lhe tomando o resto de seus dias, de certa forma, impedindo ela de viver.
Frequentando um grupo de apoio Hazel conhece Augustos Waters (ou apenas Gus), uma "ex-vítima" de câncer, um ano mais velho que ela. Augustus é um jovem metafórico, portador de um hábito que faz com que vez por outra ponha um cigarro apagado em sua boca, que a princípio causa certa frustração na própria Hazel, uma vez que o cigarro não passa de uma máquina de câncer quando aceso. A metáfora, segundo o próprio Gus, é que ele põe algo em que mata entre seus dentes, mas não dá a ele o poder de matá-lo. (Algo só te faz mal quando você se permite ser atingido).
Além do câncer os dois compartilham algo mais em comum: o gosto pela leitura. E aproveitando disso, Hazel apresenta a Gus seu livro favorito: “Uma Aflição Imperial”, um livro protagonizado por uma criança portadora de câncer cuja história acaba de maneira abrupta, sem conclusão, o que segundo ela retrata de forma real a vida de uma pessoa com a doença: acaba de uma hora pra outra, não é possível deixar tudo completinho antes de partir. Mas o livro deixa perguntas na cabeça jovem de Hazel, que mesmo com sua doença viaja atrás de Peter Van Houten, americano de descendência holandesa que é o autor do livro, em busca de respostas.

O autor do livro é o John Green, um norte-americano nasido em 1977 que já tem diversas obras publicadas lá fora. A Culpa é das Estrelas é seu segundo livro publicado aqui no brasil (o primeiro foi Quem é você, Alaska?). John explicou a razão do título do livro em uma entrevista:
John Green
"Bem, na frase de Shakespeare, "estrelas" significam "destino". No texto original, o nobre romano Cássio diz a Bruto: "A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores." Ou seja, não há nada de errado com o destino; o problema somos nós.
Bem, isso é válido quando estamos falando de Bruto e de Cássio. Mas não quando estamos falando de outras pessoas. Muitas delas sofrem desnecessariamente, não porque fizeram algo de errado nem porque são más ou sei lá o quê, mas porque dão azar. Na verdade, as estrelas têm muita culpa, sim, e eu quis escrever um livro sobre como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser ou não possível viver uma vida plena e significativa mesmo que não se chegue a vivê-la num grande palco, como Cássio e Bruto."

Fonte: http://ow.ly/h9P6X
A narrativa se desenrola naturalmente, é tão conciso que a leitura pode ser feita em pouquíssimo tempo. Tive que me controlar para não ler tudo em uma única tarde, pois por alguma razão acho que me apeguei bastante a ele pra ler tão rápido assim.
 O diferencial do livro é a maneira sincera com a qual o câncer é tratada, com um humor leve, apresentado com um sarcasmo cativante da parte de Hazel, que consegue nos passar que ela é uma pessoa normal como qualquer outra, apesar de vez por outra se sentir como uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer hora.
A história não é clichê, apesar de à primeira vista parecer muito. Ao começar a ler já percebemos que não teremos um final feliz, mas o decorrer da história faz com que a gente torça pra que tudo corra bem.
O livro fica como indicação, é uma leitura que se leva pra toda a vida. Uma história de força, sensibilidade e reflexão. Abaixo está um dos meus trechos favoritos do livro, onde Hazel responde Gus, após ele confessar que o seu maior medo é o de ser esquecido.
"Vai chegar um dia, em que todos vamos estar mortos. Todos nós. Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo. Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido, e tudo isso aqui vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do sol, não vamos viver para sempre. Houve um tempo antes do surgimento da consciência nos organismos vivos, e vai haver outro depois. E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto pra lá. Deus sabe que é isso o que todo mundo faz." - A Culpa é das Estrelas, pg 19
Foi o primeiro livro do John que eu li, e já estou atrás de "Quem é você, Alaska?" para devorar também. Sintam-se livres para deixar seus comentários, e espero vocês se permitam ao livro.

Título original: The Fault In Our Stars
Título brasileiro: A Culpa É Das Estrelas
Autor: John Green
Tradução: Renata Pettengill
Número de páginas: 288
Editora: Intrínseca
Ano de lançamento: 2012
Período de leitura: 22/01 - 23/01

Um comentário: