Crônica de um assalto instável

Segurança pública é tipo lenda urbana. Todo mundo acha que pode existir, mas não existe de forma alguma.

Eis que a pessoa que vos fala foi vítima de assalto na manhã de hoje. Sim, roubo mesmo, safadeza pura. Frustrante.

Começando a contar o fato do início: acordei no horário de sempre, fui pro ponto de ônibus no horário de sempre, e aí então minha rotina começou a mudar.

Encontrei o sr. Walter, que foi meu professor durante anos, que me reconheceu (óbvio) e parou para fazer bullying com meu cabelo (rebelde, mas livre). Então comecei a conversar com ele quando passou o primeiro ônibus, o que eu costumo pegar sempre, mas como estava no meio da conversa e vi que o ônibus acabou enchendo mais do que eu esperava, decidi deixar passar. Fiquei conversando por alguns minutos com o professor, então ele foi embora.

Meu ônibus não demorou. A viagem foi tranquila, sem o engarrafamento matinal de costume. Quando me aproximei do ponto onde eu desço encontrei com uma colega de trabalho que vou identificar aqui como a dona XX, e o outro colega que indentifico como XY.

Então descemos e começamos a percorrer os três quarteirões que separam a empresa onde trabalhamos do ponto onde descemos. Ao chegarmos no último quarteirão, quando íamos virando a esquina esbarramos com um rapaz mau encarado que do nada aborda a gente falando uma frase que eu só consegui entender na terceira ou quarta vez que ele repetiu, e era algo como "eu só quero o celular e se correr leva tiro".

Aconteceu bem rápido, coloquei minha mão no bolso por instinto/defesa, não pra tirar o celular e entregar. Nisso que eu coloquei a mão no bolso eu baxei a cabeça pra olhar, levatei olhei pro cara, e quando procurei as amizades fui ver que a dona XX e o sr XY já tinham corrido pelo menos uns dez metros e me deixado pra trás. Fiz uma expressão bem assim:

Fiquei tão indignado com a ação dos mesmos que só voltei ao normal quando senti a mão do ser humano no meu bolso puxando me celular e correndo.

Ainda pedi meu chip. Um tentativa frustrada, uma vez que acho que o fulaninho nem sabia o que é um chip.

Enfim, o conforto que eu tive foi que... NÃO PERA, NÃO TEVE CONFORTO! O cara levou meu celular e as amizades simplesmente me deixaram sozinho sem nem gritar "corre negads" antes de me deixar sozinho lá.

(Ok, mentira, me confortei por saber que ela e ele se preocuparam comigo, só ficaram assustados e foram mais inteligentes que eu. Ela não teve coragem de olhar pra trás quando correu, mas eu entendo a razão. Eu percebi também que ele ficava de vez em quando olhando pra trás, só não sei se era pa ver se eu estava bem, ou se era pra saber o cara tava seguindo eles ou não. Mas afinal, agora nem importa mais.)

Putz, meu celular gente, era parte de mim já, era quase membro da família, tinha tanta coisa nele.

Queria saber onde estava o Chapolin Colorado, o Batman, o Superman, o Homem Aranha. Onde estavam os Power Rangers, os Thundercats, o Lion Man...

Uma coisa dessas não pode acontecer. O pior de tudo é a sensação de impunidade, de frustração, de ser passar por idiota perante a uma criatura indigna de qualquer direito humano. Eu só acho que o governo devia investir mais na segurança, e se acham que vai sair muito caro, tudo bem, apenas me contratem dois seguranças particulares que tá ótimo.

Não guardo rancor em relação ao rapaz que roubou meu celular, possivelmente pra comprar drogas. Só desejo que ele tenha uma overdose ainda hoje se possível.

Qualquer coisa grita aqui: http://ask.fm/IatanGM