7 de set. de 2013

Apartamento


Abriu a porta para que eu pudesse ver nosso novo mundo.
Gaguejou um pouco, então falou quase num sussurro:
- É bem pequeno, eu sei – havia um tom de desconforto em sua voz, como se houvesse alguma vergonha em me mostrar aquele lugar. – Mas é o suficiente para nós dois.
Era simples, mas era lindo e iluminado. Janelas enormes que nos permitiriam ver o mundo lá fora. Certamente sempre estaríamos na presença de alguma luz natural, seja ela da lua e das estrelas, ou do próprio sol.
Tudo ali tinha o cheiro dele. Isso foi, inevitavelmente, a coisa que eu mais amei.
Os sofás, a mesinha de centro, os quadros pendurados nas paredes, os móveis, as lâmpadas e o enorme tapete. O modo como a lâmpada o iluminava enquanto ele estava parado, nervoso diante de mim. Tudo era bem simples, mas de puro bom gosto. E mesmo que não fosse, seria o bastante.
– Não é pequeno – falei sorrindo e em seguida o fixei meus olhos nos dele, para que pudesse ver que havia brilho e verdade no que eu falava. – É suficiente para nós dois e nosso amor. Não me importa ficar apertado nessas quatro paredes contigo, se nossa vida toda não couber aqui dentro, cabe lá fora. Porque, meu amor, o mundo é nosso. Ainda que você tenha medo, o mundo é grande, e é nosso.
Ele me olhou de volta, retribuindo o sorriso. Senti que o nervosismo dele já estava desaparecendo. Apertei forte sua mão fria e suada. Era só o primeiro passo, tudo iria ficar bem.

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