17 de out. de 2011

Segundo bilhete deixado (não por acaso) na porta do quarto


A madrugava silenciava, ela havia acabado de chegar em casa. Um sorriso desabrochou de seus lábios ao ver o que a aguardava: outro bilhete.
Não hesitou, apenas agarrou e começou a devorar as palavras.

Ela ficou nervosa, a letra era a mesma do bilhete anterior.

 Eu havia colocado na minha cabeça que eu precisava de alguém pra ser feliz, e fico infeliz por não ter ninguém. No momento em que decidir me responsabilizar pela minha própria felicidade me sentirei capaz de ficar feliz.
Às vezes eu me aperto, tentando comprimir essa maldita sensação que você me causa. Não te quero pra sempre. Não quero você 24h do meu lado, nem quero acordar todo dia com você do meu lado. É questão de querer só alguns momentos e desfrutar exaustivamente deles.
O mais foda é não conseguir falar sério cara a cara. Tuas expressões despreocupadas são as culpadas, pois se talvez demonstrasses um pouco mais de preocupação, ou mesmo a gota que falta de confiança eu seria mais sincero contigo.
Pode não ser amor, aliás, tenho quase certeza de que não é. Não é amor, tá mais relacionado à necessidade. Mas necessidades precisam ser atendidas. Principalmente quando se trata de coisas simples, mas com algumas pontinhas de complicação.
Não sou egoísta a ponto de te desejar infelicidade por causa disso. Mas se é assim, vai ser feliz fora do meu campo de visão. FORA DA MINHA VIDA E FORA DO MEU CAMPO DE VISÃO. Assim fica mais fácil pra eu acreditar que nunca senti porra nenhuma em relação a você.
Ela queria ter parado, mas não conseguia suportar... tinha, tinha que ler cada linha para saber que era real. Ela então notou que a carta não acabava ali.
Alguns rabiscos no canto da folha lhe chamaram atençã, e ela leu, no desejo de que fosse uma justificativa confortável...
PS.
Acalme-se. É meu modo de agir. Remoendo-me profundamente, catando cada defeito meu. Provando pra mim mesmo minha insignificância, praticamente me matando sozinho, porém quando me sinto perto do meu tal objetivo, já na sensação de morte eu paro. Permito-me nascer de novo.
Cada vez que o sol desce e a lua sobe a gente morre um pouquinho. Cada vez que o vento uiva e o frio nos arranha morremos mais um pouquinho. Vocês não percebem? Cada segundo que a gente vive simultaneamente a gente morre um pouquinho. Let me die. Talvez só assim eu me sinta vivo.

PS².
Presta atenção: tu és o pior exemplo a ser seguido, sério, deixa de "se achar" tanto, 'cê tá mesmo perdida. Tu é tudo que uma mulher não quer ser na vida. E tudo que eu não quero ter na minha.

PS³.
Eu não quero dizer adeus, dá pra notar?
Mas eu te odeio, ainda te amando.

A noite dela acabou.
Ela estava acabada.

~ Recapitulando ~
Bilhete deixado (não por acaso) na porta do quarto: clique aqui.

Esquece tudo que eu te disse antes. Coloquei minha cabeça no lugar.

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