Era só mais uma noite. Mais uma noite daquele frio dolorido que queimava sua pele. Melissa sentia um vazio em sua cama, sentia um vazio em si, sentia a constante sensação de estar incompleta.
Seu corpo, seus braços, eram meu abrigo.
Melissa sabia que não se perdoaria se o perdesse.
A praia era nosso esconderijo. Não imaginaria melhor maneira de passar minha vida do que o observando. O modo como mergulhava, a maneira que fazia seu corpo parecer mais forte que as ondas que quebravam as suas costas. O mar parecia insignificante perto dele. Quando saia do mar, o mar chorava sua perda. Cada gota d’agua lamentava ter que desgrudar daquele corpo.
Então sujava seus pés de areia e jogava-se sobre o meu corpo. Beijava-me a boca como jamais alguém beijara e como jamais beijara alguém. Seu gosto doce misturado com água e sal. Tocava meus lábios com uma delicadeza incomum de um homem. Era amor.
A verdade é que ele é tão perfeito, tão mágico que não me convencia que era real. Minha cabeça, meu mundo, nada em mim funcionaria bem com algo tão próximo a fantasia.
Era a realidade de Melissa.
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