21 de out. de 2010

O inesperado desperta sentimentos que não mereciam ser descobertos

Sobretudo não saberia o que dizer. Mentiria, dizendo que seus erros não passaram de descuidos, quando na verdade já sabia que uma hora ou outra iria enganá-la. Era certo que mesmo com tão pouco tempo junto a ela, ele se arrependeria do que fez como tantas outras vezes.
Este deveria ser só mais um erro. Só mais um arrependimento. Só mais uma sensação qualquer Mas tudo isso seria como deveria ser, apenas se ele não estivesse apaixonado por Melissa. Na verdade apaixonado foi o termo que lhe restou, uma vez que não “só gostava”, nem “só tinha uma atração” e nem outra coisa do tipo. Estava mais do que certo que era amor o que ele sentia.
Raciocinou por um tempo, e concluiu que se sentia culpado por se sentir culpado pelo fato de tê-la traído. Afinal de contas, traiu por quê? Porque motivo ele fez isso? Teria sido as cochas da moça de lábios vermelhos?
Ele não tinha o mínimo controle sobre suas ações, era como se a infidelidade estivesse impregnada no seu DNA. Traiu Melissa apenas pelo hábito de trair. O gosto do beijo da amante ele não lembrava, mas o de Melissa era memorável. O cheiro da amante lhe escapava com facilidade, enquanto o de Melissa ficava marcado em sua pele, e sempre estava vivo.
Deitado em uma cama, num quarto de motel, ele tinha suas partes cobertas apenas por um lençol, em sua mão o celular com a mensagem de sua amada afirmando a descoberta da infidelidade e decretando fim ao relacionamento que não teria futuro algum.
A amante banhava-se sem saber fazer idéia do que se passava.
Ele continuava imóvel na cama, encarando o teto. Lentamente um projeto de lágrima se formava nos olhos do cafajeste que acabava de descobrir o que é o amor. E consequentemente o que é sofrer por ele.

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